Satélites com Inteligência Artificial e distribuição de internet

Satélites Starlink

Internet ou Conhecimento?
O que preferimos receber, vindo do espaço!

No dia 23/05/2019 foram lançados 60 satélites do programa Starlink Constellation, que são satélites com Inteligência Artificial para distribuição de internet. O lançamento faz parte das promessas da SpaceX feitas em 2015, por Elon Musk, de fornecer internet de alta velocidade para todo o mundo.

O projeto tem objetivo de enviar 12.000 satélites para órbita, em uma altura máxima de 550 Km acima da superfície terrestre. Contudo, estes 60 lançamentos feitos em Maio/2019 estão orbitando a Terra na distância de 440 Km de altura, mas com previsão de movimentação para a distância final em breve.

Com o objetivo de colocar em órbita 1584 satélites até 2024, sendo o compromisso em contrato que a SpaceX assinou com a FCC. Em primeiro lugar a empresa precisa lançar, em média, 37 satélites por mês pelos próximos 5 anos. Em segundo lugar, acalmar os ânimos dos pesquisadores que estão sendo impactados por estes objetos brilhantes na nossa órbita.

Nos dias 11/Novembro/2019 e 07/01/2020 aconteceram outros dois lançamentos, cada um com mais 60 satélites cada. Já no dia 29/01/2020, mais 60 satélites foram lançados, totalizando 240 satélites Starlink em órbita terrestre. Segundo o Space.com, todos estes 60 satélites estavam em funcionamento em apenas 1h após o lançamento.

Enquanto isso, estão planejados mais dois lançamentos para datas próximas, uma para o meio de Fevereiro e outra para Março, ambos em 2020.

Como são os satélites da Starlink Constellation

Cada satélite tem o peso aproximado de 227 Kg, fazendo com que a Falcon 9 tenha decolado com o maior peso de carga útil já lançada pela SpaceX, totalizando mais de 18 toneladas. Mas a Falcon 9, que colocou esses satélites em órbita, já foi para o espaço outras vezes. E isso é uma das marcas da empresa que se orgulha de ter foguetes reutilizáveis. E com o lançamento de Janeiro/2020, mais uma vez, a Falcon 9 retornou para a Terra e certamente continuará seu projeto de reutilização.

Após o lançamento, a SpaceX publicou detalhes sobre satélites. Eles possuem um painel solar dobrável e quatro antenas de rádio. Estas antenas podem enviar sinais para diversas direções sem precisar se movimentar. Os satélites ainda não se comunicam entre si, por enquanto precisam fazer uma ponte com a estação em solo. A movimentação dos satélites utiliza propulsores de íons, que ao carregar ativamente suas moléculas, emitem uma carga elétrica fazendo o satélite se movimentar. Contudo, um item de segurança utilizando Inteligência Artificial foi implementado para desviar de objetos no espaço, esse sistema de navegação automática se chama Startracker.

Como os satélites ficarão muito mais próximos da Terra do que os satélites que ficam na região denominada de geoestacionária (distância de aproximadamente 32.000 km da Terra), a latência desta órbita baixa será muito menor. Com os avanços tecnológicos da Computação em Nuvem e da Inteligência Artificial, o governo e o exército Americano vislumbram um benefício com essa rede mundial de satélites. Acima de tudo, eles enxergaram que pode ser relativamente simples adicionar equipamentos que permitam rastreamento remoto e acompanhamento por imagens nestes satélites, e com isso teriam uma cobertura de vigilância estratégica de forma global.

Incomodo aos astrônomos

Mas não são só alegrias que o Starlink Constellation trouxe para nós! Muitos astrônomos que fazem medições e coletas da Terra, reclamam da poluição luminosa que estes satélites podem apresentar. Dependendo do tipo de medição que é feita, alguns telescópios devem ficar horas capturando uma imagem de um lugar fixo do espaço profundo para identificar, por exemplo, quais gases existem naquela região (isso porque cada tipo de partícula possui uma forma de composição nos comprimentos de onda observados). Quando um conjunto de objetos passam na frente da captura, podem causar distorções na imagem impactando o estudo.

Os satélites com Inteligência Artificial para distribuição de internet ficarão há uma distância final de 550 Km da superfície terrestre, mas mesmo assim, podem refletir a luz do Sol quando estiverem na parte da sombra da Terra. Este problema que os satélites Starlink estão causando aos astrônomos, não é exclusividade da empresa de Elon Musk. Outras empresas que se prontificaram a lançar satélites para distribuir internet também foram alvos de reclamações das comunidades astronômicas.

Seguindo o caminho das grandes

A Amazon é uma destas empresas que está planejando lançar quase 4.000 satélites para a órbita baixa com o intuito de cobrir uma área que atenderá aproximadamente 95% da população mundial. Estes satélites ficarão distribuídos em três faixas de altura.

O Facebook também tem intenções similares, depois de encerrar o projeto que tinham com drones de grande autonomia de voo e baterias carregadas com energia solar. Este projeto de satélites ainda está embrionário, mas há investimentos direcionados e com foco no lançamento dos satélites.

No meu ponto de vista parece uma nova corrida espacial. Como foi na década de 60, contudo, agora o objetivo não é mandar seres biológicos para o espaço e sim possibilitar acesso à internet para pessoas de lugares remotos. Contra esses “guerreiros tecnológicos” estão os pesquisadores de áreas relacionadas à Astronomia que reclamam seu espaço!

Mas quem será que vence essa disputa? As empresas bilionárias fornecendo acesso à internet para o mundo ou os pesquisadores e cientistas que fazem estudos para entender o Espaço e sua relação com a Terra, e com isso, possibilitar que satélites sejam lançados para o espaço? Paradoxal, não?! Vamos aguardar os próximos capítulos e ver quem vencerá essa batalha.

 

Sobre Diego Nogare 347 Artigos
Diego Nogare é Gerente Técnico de Engenharia de Machine Learning no Itaú-Unibanco. Também é professor em programas de pós graduação no Mackenzie e na FIAP, em São Paulo. Foi nomeado como Microsoft MVP por 11 anos seguidos, e hoje faz parte do programa Microsoft Regional Director.